Banco Central deve elevar juros ao maior patamar em 20 anos para conter inflação

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (18) e a expectativa do mercado financeiro é de um novo aumento na taxa básica de juros, a Selic. A projeção é que a taxa suba de 13,25% para 14,25% ao ano, atingindo o maior nível desde agosto de 2006.
Selic no maior nível em quase duas décadas
Se confirmada, essa será a quinta alta consecutiva da Selic, repetindo o patamar registrado entre 2015 e 2016, durante a crise econômica do governo Dilma Rousseff. A decisão do Copom visa conter a inflação, que segue pressionada pela economia aquecida. Em 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,4%, o que tem impulsionado a demanda e, consequentemente, a alta dos preços.Por que o BC aumenta os juros?
O Banco Central utiliza a taxa de juros como principal ferramenta para controlar a inflação. Com juros mais altos, o crédito fica mais caro, reduzindo o consumo e a atividade econômica. O objetivo é estabilizar os preços e manter a inflação dentro da meta estipulada. Atualmente, a projeção do mercado para a inflação é de 5,68% em 2025, acima da meta de 3% estabelecida pelo sistema de meta contínua.Cenário internacional e decisão do Fed
A decisão do Banco Central brasileiro acontece no mesmo dia em que o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, anuncia sua posição sobre os juros americanos. A expectativa é que as taxas nos EUA permaneçam entre 4,25% e 4,50% ao ano. O impacto dessa decisão pode influenciar o mercado financeiro global, afetando o câmbio e as taxas de juros nos países emergentes, incluindo o Brasil.Impactos da alta da Selic na economia
O aumento da taxa de juros tem efeitos diretos na economia brasileira. Entre os principais impactos, estão:1. Aumento dos juros bancários
Com a Selic em alta, os bancos tendem a reajustar as taxas de empréstimos e financiamentos, encarecendo o crédito para empresas e consumidores. Atualmente, a taxa média de juros para pessoas físicas e empresas é de 42,3% ao ano, a maior em 16 meses.2. Desaceleração do crescimento econômico
Juros elevados dificultam investimentos produtivos e reduzem o consumo, impactando negativamente o PIB, o emprego e a renda. O resultado é um freio na economia, que já apresenta sinais de desaceleração nos últimos trimestres.3. Pressão sobre as contas públicas
O custo da dívida pública aumenta com juros mais altos. Em 2024, as despesas com juros chegaram a R$ 950 bilhões, equivalente a 8% do PIB. Esse cenário dificulta o equilíbrio fiscal do governo.4. Mudança no mercado financeiro
Investimentos em renda fixa, como Tesouro Direto e debêntures, se tornam mais atrativos com a Selic elevada, reduzindo o apelo do mercado de ações. Isso pode levar a uma migração de investidores para aplicações mais seguras e rentáveis.A polêmica em torno da política monetária
A estratégia de elevar os juros é alvo de críticas dentro do governo. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, classificou a medida como uma "imbecilidade", argumentando que a alta da Selic prejudica o crescimento econômico e a geração de empregos. Por outro lado, o Banco Central defende a necessidade de um aperto monetário para garantir o controle inflacionário e a estabilidade da economia a longo prazo.Perspectivas para os próximos anos
O Banco Central projeta que a inflação em 2026 fique em 4%, dentro da meta estabelecida. No entanto, fatores como o cenário internacional, o mercado de trabalho aquecido e o aumento dos gastos públicos seguem como desafios para o controle dos preços.A decisão do Copom desta quarta-feira definirá os rumos da economia brasileira nos próximos meses. Resta saber se a estratégia adotada será suficiente para conter a inflação sem comprometer o crescimento econômico do país.
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