Silveira, cão da UFSM, é 'nomeado' pró-reitor no RS

Imagem do cão Silveira ao lado do reitor Luciano Schuch

Silveira, o cão comunitário mais famoso da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, ganhou um título especial nas redes sociais da instituição nesta terça-feira (20): foi "nomeado" como pró-reitor de assuntos caninos — com direito a assinatura do reitor, Luciano Schuch, e tudo.

A ação, claro, é simbólica. Trata-se de uma homenagem bem-humorada da universidade a um velho conhecido dos estudantes: Silveira é uma figura querida que circula há mais de 10 anos pelo campus, especialmente nos arredores da Biblioteca Central, onde costuma descansar e interagir com os frequentadores.

A publicação viralizou e ajudou a ampliar ainda mais sua fama. Somente no Instagram, o perfil dedicado ao cão já soma mais de 57 mil seguidores — um aumento de 20 mil em apenas 24 horas. Silveira virou uma celebridade, mas não nasceu assim: chegou à universidade discretamente, sem coleira e sem histórico conhecido.

Hoje, é um dos símbolos do projeto Zelo, iniciativa da UFSM que cuida de animais comunitários, promovendo bem-estar, castrações, adoções responsáveis e educação para guarda consciente. De acordo com a coordenadora do projeto, professora Fabiana Stecca, não se sabe a origem do nome Silveira, mas o cão também atende por apelidos bem mais irreverentes, como “Podrão”.

"Esse apelido surgiu porque ele adora dormir nas salas de aula", conta Fabiana, entre risos.

As fotos nas redes confirmam o bom humor da comunidade acadêmica: Silveira adora deitar de barriga para cima para ganhar carinho e costuma aparecer em eventos e atividades, como uma aula de capoeira em que interagiu com os participantes.

Idoso, com idade estimada em mais de 10 anos, o cãozinho enfrenta algumas limitações. Sofre de artrose, já teve ferimentos nas patas e demonstra medo de carros, de agulhas e de pessoas vestidas com jaleco — possivelmente por associações com atendimentos veterinários. Por isso, os cuidados de saúde são adaptados: o veterinário vai até ele, sem uniforme, para aplicar vacinas de forma menos invasiva.

Mesmo com tanto afeto no campus, cuidar de Silveira não é simples. O animal não aceita rotina de medicação e tem comportamento mais independente, dificultando tratamentos contínuos. Outro cuidado é com a alimentação: a universidade orienta os alunos a evitarem oferecer restos de comida, para preservar a saúde dos animais.

Apesar da fama crescente, Silveira ainda não foi adotado. O desejo da equipe do projeto Zelo é que ele possa, um dia, "se aposentar" com dignidade — em um lar tranquilo, acolhedor, que compreenda suas necessidades especiais e manias adquiridas ao longo da vida.

Imagem do Cão Silveira da UFSM

Desde 2014, o Zelo atua na UFSM acolhendo animais abandonados, promovendo ações de castração, organização de feiras de adoção e campanhas de conscientização. Atualmente, cerca de 80 animais estão registrados sob os cuidados do projeto.

A equipe é formada por bolsistas, voluntários e parceiros da comunidade, que realizam rifas, brechós sustentáveis e outras iniciativas para arrecadar recursos. “A gente sobrevive com ajuda da comunidade. Não temos um fundo próprio, apenas uma verba pública para manter os bolsistas”, explica Fabiana.

Quem quiser adotar o Silveira ou outro dos animais cuidados pelo Zelo precisa passar por uma pré-entrevista. O contato deve ser feito pelo perfil oficial do projeto no Instagram, onde também é possível acompanhar o trabalho e colaborar com doações.