Trump bloqueia US$ 50 milhões para compra de camisinhas pelo Hamas

Donald Trump discursa sobre o congelamento de US$ 50 milhões, mencionando possíveis usos pelo Hamas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta quarta-feira (29) que vetou o envio de US$ 50 milhões (cerca de R$ 293 milhões) para a Faixa de Gaza. Segundo ele, os recursos seriam utilizados para "comprar camisinhas para o Hamas", insinuando que o grupo utilizaria o material para fins militares.

A declaração foi feita durante um discurso que marcou a sanção da primeira lei aprovada durante seu governo. A nova legislação endurece a repressão a imigrantes ilegais suspeitos de crimes violentos e furtos.

Revisão de gastos e alegações sobre o Hamas

Trump aproveitou o evento para justificar o congelamento de diversos programas sociais e benefícios do governo, medida implementada para reavaliar os gastos federais. Durante o pronunciamento, afirmou que sua administração identificou um orçamento de US$ 50 milhões, aprovado na gestão de Joe Biden, supostamente destinado à compra de preservativos para a população da Faixa de Gaza.

Na terça-feira (28), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, fez uma afirmação semelhante durante uma coletiva de imprensa, reforçando a alegação de que o Hamas poderia utilizar esses insumos para fins não convencionais.

Uso de preservativos pelo Hamas já foi registrado no passado

Reportagens publicadas em 2020 mostraram que o Hamas utilizou preservativos inflados como balões para transportar explosivos até Israel. De acordo com o jornal "The Jerusalem Post", esses dispositivos provocaram incêndios em território israelense.

No entanto, a imprensa dos Estados Unidos refutou a afirmação de que a Casa Branca havia aprovado um orçamento específico para a compra de preservativos para Gaza. Uma investigação do "The Washington Post" indicou que o valor mencionado por Trump poderia adquirir aproximadamente 1,5 bilhão de preservativos.

Além disso, a publicação revelou que, em 2024, o Departamento de Estado dos EUA destinou US$ 50 milhões para assistência em saúde na Faixa de Gaza, mas a empresa responsável pela distribuição garantiu que não fornecia preservativos.

Recursos dos EUA para programas de saúde global

Entre 2016 e 2022, os Estados Unidos investiram US$ 118,6 milhões na compra de 3,6 bilhões de preservativos distribuídos em 60 países como parte de um programa de combate ao HIV. Em 2019, uma remessa desses insumos foi enviada ao Oriente Médio, mas foi direcionada à Jordânia, não a Gaza.

Na Faixa de Gaza, a distribuição de preservativos e programas de planejamento familiar são coordenados pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). No entanto, em 2023, os Estados Unidos suspenderam o repasse de verbas para a agência após Israel alegar que funcionários da UNRWA estariam envolvidos nos ataques terroristas de 7 de outubro.

Sanção da lei "Laken Riley"

Durante o mesmo evento, Trump assinou a lei "Laken Riley", que determina a prisão de imigrantes ilegais suspeitos de crimes violentos ou furtos. A medida exigirá a criação de 110 mil novas vagas em presídios e deverá custar US$ 26,9 bilhões (cerca de R$ 160 bilhões) no primeiro ano.

A legislação prevê a detenção obrigatória de qualquer imigrante acusado ou condenado por crimes como furto em lojas e agressão a policiais. Aprovada pelo Senado com um escopo ampliado, a norma também abrange crimes que resultem em ferimentos ou mortes.

A nova lei homenageia Laken Riley, uma estudante de enfermagem da Geórgia assassinada em 2024 por José Ibarra, um imigrante venezuelano. Ibarra foi preso logo após o crime, mas libertado e detido novamente dias depois. Ele foi condenado à prisão perpétua.

As autoridades informaram que o criminoso entrou ilegalmente nos EUA em 2022 e permaneceu no país enquanto seu caso migratório era analisado.