'Serial killer' da feijoada envenenada
Classificada como “serial killer” pela Justiça de São Paulo, Ana Paula Veloso Fernandes foi denunciada pelo MPSP (Ministério Público de São Paulo) por três homicídios qualificados, cometidos com motivo torpe, uso insidioso de veneno e recurso que dificultou a defesa das vítimas. Ela foi presa por suspeita de envolvimento em uma quarta morte, ocorrida em abril deste ano em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Segundo a decisão da Vara do Júri de Guarulhos obtida pela CNN, Ana Paula teria cometido os crimes entre janeiro e maio de 2025, sempre com o mesmo padrão: envenenamento, motivação torpe e métodos que dificultaram a defesa das vítimas.
Os casos ocorreram em Guarulhos, São Paulo e Duque de Caxias (RJ). Há ainda menção a uma possível tentativa de homicídio em apuração.
As vítimas são Marcelo Hari Fonseca, Maria Aparecida Rodrigues, Neil Corrêa da Silva e Hayder Mhazres.
Em janeiro de 2025, ela teria matado Marcelo Hari Fonseca em Guarulhos. Já entre os dias 10 e 11 de abril, ela teria causado a morte de Maria Aparecida Rodrigues, também em Guarulhos. Em 26 de abril, em Duque de Caxias, matou Neil Corrêa da Silva, de mais de 60 anos, mediante promessa de recompensa. Já em 23 de maio, em São Paulo, provocou a morte de Hayder Mhazres, novamente por motivo torpe.
Todas as mortes teriam sido cometidas com o uso de venenos. Neil Corrêa foi a vítima morta com uma feijoada envenenada.
O juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, responsável pelo caso, destacou que, embora Ana Paula seja investigada por crimes semelhantes em outros estados, não há conexão entre os casos, devido à diversidade de vítimas, testemunhas e locais.
“Foram praticados de forma independente, caracterizando habitualidade delitiva, não continuidade”, explicou.
Dessa forma, a Justiça recebeu apenas a denúncia em relação aos homicídios ocorridos em Guarulhos (SP), contra Marcelo Hari Fonseca e Maria Aparecida Rodrigues.
A investigação sobre os outros casos segue em autos separados.
Suspeita confessou ter matado 10 cachorros
Após ser presa pela morte de Neil, Ana Paula confessou à Polícia Civil ter matado dez cachorros com o uso de veneno. Segundo o delegado do caso, a suspeita teria feito isso para testar o efeito do veneno.Ainda segundo o delegado, Ana Paula Veloso tinha conhecimento técnico sobre o uso do produto, controlando tempo e dosagem para que as mortes aparentassem causas naturais.
Durante buscas em sua residência, os agentes apreenderam terbufós, um agrotóxico considerado menos potente que o chumbinho.
As investigações apontam que Michele Paiva da Silva, filha de Neil Corrêa da Silva, teria financiado a viagem de Ana Paula de Guarulhos (SP) ao Rio de Janeiro com o objetivo de executar o assassinato do pai. Michele também foi presa.
A polícia também investiga a participação de Roberta, irmã gêmea de Ana Paula, que, segundo apurado, tinha conhecimento do plano e ofereceu apoio moral e material ao crime.
Prisão decretada
Ainda na decisão do TJSP, foi decretada a prisão preventiva de Ana Paula, destacando que “restam presentes a materialidade dos delitos e indícios suficientes de autoria” e que a ré representa “risco à ordem pública, tratando-se de verdadeira serial killer”.Ele também citou que a acusada “inventou ter recebido um bolo envenenado; imputou falsamente a prática de um dos homicídios a seu antigo amante [...] enviava mensagens ameaçadoras para si própria; manipulou dados e informações com o objetivo de se desvincular das mortes e atribuir a responsabilidade a terceiros”.
A decisão conclui que Ana Paula “não possui fortes vínculos com o distrito da culpa, havendo informes de que não possui residência fixa e que frequentemente circula por várias cidades distintas”, o que reforçou a necessidade da prisão preventiva.